Ação no bairro durou 10 dias e foram identificados focos de larvas do mosquito Aedes aegypti
Na batalha diária de combate à dengue, as equipes de Zoonoses da Secretaria da Saúde (SES) retiraram quase dez toneladas de potenciais criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, em imóveis na Vila Helena, Zona Oeste de Sorocaba. Tamanha foi a quantidade de material recolhida durante os arrastões no bairro (mais de 900 quilos por dia), que os serviços que deveriam terminar na última sexta-feira (27/02) tiveram de se estender até esta quarta-feira (04).
Embora a maior parte dos populares contribua com as ações da Prefeitura, os agentes de zoonoses apontam como agravante o fato de ainda encontrarem resistência para entrar em imóveis para verificar a situação e dar orientações sobre a prevenção à doença.
A enfermeira Louraci Azevedo, que reside na Vila Helena, avisa que na sua quadra todos colaboram em manter a casa limpa e livre de criadouros da dengue. “Mas tem muita gente aqui no bairro que não colabora, não faz a sua parte, por mais que a gente fale. A turma não gosta, mas a gente fala”.
O agente de saúde Ivan Santos Teixeira concorda e diz que quando há recusa do morador em receber a equipe, insiste na conversa. “Em muitos casos a gente persiste e consegue autorização para entrar”.
Na terça-feira a zoonoses registrou um recorde de criadouros retirados pela equipe na semana: 1.400 quilos. “Perdi a conta de quantos focos de larvas encontrei por aqui, de tanto que foi”, completa a também agente de saúde Carina Mendes. Ela diz que, devido ao aumento dos casos de dengue, os populares estão mais receptivos, mas reclamam sempre dos vizinhos. “Em muitos casos os focos estão nas casas dessas pessoas que reclamam”, comenta a agente, destacando que muita gente ainda procura por informações sobre como se prevenir ou quanto ao mosquito transmissor. “Isso tem feito com que as visitas durem mais tempo”, pondera.
Locais de criadouros
Embora a maioria dos criadouros seja identificada dentro das residências, ontem a equipe de zoonoses também deu atenção especial aos ferros velhos e alguns imóveis abertos e que acumulavam sujeira. De um desses terrenos foram retirados três sacos de materiais que poderiam servir como criadouros. “É um imóvel com a cerca arrebentada, onde tem até carro abandonado. O dono já tinha sido foi avisado, mesmo assim entramos e fizemos a retirada do que podíamos”, disse Ivan.
A menos de 50 metros do terreno abandonado a Zoonoses localizou criadouros com larvas do Aedes num ferro-velho. Havia água acumulada em contêineres, num vaso sanitário que ficava ao relento e até em recipientes em áreas cobertas entre outros pontos do estabelecimento. A proprietária, cujo marido teve dengue, assim como os dois caseiros que moram no local, alegou que a remoção de material é feita semanalmente, mesmo assim foi orientada a colocar detergente nos locais que acumulam água e cuja remoção não é possível fazer rapidamente. “É um local autorizado para essa atividade comercial, mas tem que seguir às regras, inclusive as de saúde. Nestas situações, a gente reporta o caso à chefia”, alerta Ivan.
Soluções
De porta em porta, as equipes de Zoonoses seguem na tarefa diária de orientar a população e identificar possíveis criadouros. Elas passam dicas de como manter os ambientes interno e externo das casas limpos e sem recipientes abertos e, vez ou outra, deparam-se com soluções interessantes criadas pelos próprios moradores.
Um bom exemplo é do casal Amália e Aparecido Gouveia. Para evitar o acúmulo de água nas calhas da edícula de sua casa, trocou o sistema de escoamento e adaptou uma caixa d’água para armazenamento das chuvas. “Investi cerca de R$ 1,500,00 e isso serve para economizar na conta do Saae, pois uso a água para lavar o quintal e fazer outros serviços”, disse Aparecido. “Tem, gente que relaxa, mas a gente não se descuida. Fecha tudo, de caixa d´água até buraco de mangueira. Coloco, ainda, sabão nos ralos e atrás da geladeira. Cada um tem que fazer a sua parte. Não adiante eu fazer a minha e o meu vizinho relaxar”, revela Amália, enquanto mostra o vaso de plantas furado em baixo para não juntar água.
Programação
Até o próximo sábado (7) o arrastão da dengue prossegue nas regiões dos bairros Barcelona, Vila Melges e Jardim Itapemirim, esses dois últimos na Zona Norte de Sorocaba. Nebulizações também estão programadas e vão ocorrer nos bairros Nova Sorocaba, Prestes de Barros, Central Parque, Vila Gabriel, Maria do Carmo, Nova Esperança.
A Zoonoses avisa que há possibilidade de alteração no cronograma de atendimento devido a possíveis mudanças climáticas, andamento das atividades e adesão da população. E foi isso que aconteceu na Vila Helena, pois a equipe que estava no bairro seguiria esta tarde para o Jardim Itapemirim. “Da última vez que estivemos lá, no final do ano passado, estava infestado de focos da dengue. Vamos ver o que acontece desta vez”, recorda Carina, que faz questão de dar mais algumas dicas importantes para evitar criadouros, como guardar garrafas de cabeça para baixo, além de lavar todas as semanas – escovando com bucha e sabão – os bebedouros de animais.