Zoo realiza ato simbólico contra tráfico de animais
Foram quebradas gaiolas de pássaros aprendidos pela Polícia Ambiental na região
Um ato simbólico contra o tráfico de animais, com a quebra de gaiolas de aves apreendidas pela Polícia Ambiental resultantes do tráfico, foi realizado hoje (6) pela manhã como forma de alertar quanto à situação. Um rolo compressor foi utilizado na ação.
Entre os anos de 2004 e 2012, o Zoo recebeu cerca de 3.500 animais silvestres – répteis, aves e mamíferos – para cuidados e abrigo, sendo que o plantel da unidade é de aproximadamente 1.500 espécimes. As aves são as principais vítimas do tráfico e representam 80% do total apreendido. Dos dois últimos meses foram 150 aves, de 19 espécies.
O grande número de animais recebidos e o impacto desse acolhimento na manutenção do local estão fazendo com que o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) – responsável pelo Zoo – negociem com a Polícia Ambiental e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado a suspensão de recebimento desses tipos de animais que, de acordo com a Instrução Normativa Nº 169/2008, devem ser encaminhados para Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), inexistentes na região.
A bióloga Cecilia Pessuti, chefe de seção do Zoo, explica que a unidade não deixará de receber os animais do tráfico de imediato. “Será gradual e deve levar alguns meses. Ainda estamos negociando um prazo com os órgãos competentes e, por enquanto, continuaremos a receber essa demanda da região a título de colaboração, embora não seja nossa atribuição”, diz Cecília, destacando que o zoo não está sonegando essa colaboração. “Podemos receber filhotes, animais doentes ou em extinção, mas como uma questão colaborativa e não como atribuição”.
Atribuições
Conforme estabelece a Instrução Normativa Nº 169/2008 do Ibama, as instituições responsáveis por receber, marcar, avaliar, reabilitar e destinar animais silvestres são os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). As unidades mais próximas a Sorocaba estão localizadas na cidade de Lorena e São Paulo, no Parque Ecológico do Tietê. “Não temos espaço físico, alimentação, medicamentos e equipes para fazer a triagem e cuidar desses animais. Pelo contrário. É um gasto extra que não está previsto no orçamento do Zoo, onera a Administração Municipal e acarreta em prejuízo ao atendimento do plantel do zoológico”, aponta.
O Zoo de Sorocaba tem função de cativeiro e estímulo à reprodução de espécies, além de planejamento e execução de planos de conservação. Agravante é que muitos animais do tráfico chegam ao parque em péssimas condições de saúde, acondicionados em locais impróprios. “Muitos chegam e logo morrem, tamanha a precariedade. Temos aqui um jabuti com casco totalmente deformado. Nunca tinha visto algo igual”, destaca Luana Longon Rosa, bióloga do setor de aves do zoo.
Conscientização
A lei de crimes ambientais não permite caçar, apanhar ou ter quaisquer espécies de animais silvestres (com ciclo e vida em território brasileiro) sem a devida licença ou autorização. A conscientização da população é determinante para evitar o tráfico de animais selvagens, que é a terceira maior ocorrência do tipo no mundo, só perdendo para a de drogas e a de armas.
“Muita gente compra animais silvestres, que não são domésticos, de forma ilegal. Depois não querem mais e acham que é obrigação do Zoo cuidar deles”, aponta Cecília.
Vinícius Fernandes, educador ambiental no Zoo de Sorocaba e que acompanhou com um grupo de colegas a destruição das gaiolas, reconhece a dificuldade no trabalho de conscientização. Além da parte criminal, ele destaca que há um problema cultural. “Muitas vezes a pessoa encontra um animal, fica com dó e o adota. Querem fazer o bem, mas fazem o mau”. E a bióloga do zoo vai mais longe: “Legalizar um animal silvestre que se tem em casa é apoiar o tráfico”, diz Cecília.
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