Sorocaba se tornou nos últimos anos no maior polo de manutenção da aviação executiva, sendo escolhida para receber centros de serviços das três maiores fabricantes de aeronaves voltadas a esse setor no mundo. Agora, a cidade também é uma das candidatas para receber a ‘Universidade do Ar’, que deverá ser criada no Brasil para atender a grande demanda do setor aeronáutico para os próximos anos.
A notícia, divulgada pela Agência Investe SP, foi confirmada nesta terça-feira (15) pelo secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Geraldo Almeida. “Tivemos uma primeira conversa com a Embry-Riddle, universidade norte-americana de aviação durante a Feira de Aviação Executiva realizada em São Paulo, em agosto último. Conversamos sobre a possibilidade de Sorocaba receber a universidade, fizemos outra reunião e eles vieram conhecer nossa cidade para entender um pouco melhor o que temos para oferecer”, explicou o secretário.
Até o ano de 2020, o País deverá se consolidar como a terceira maior malha aérea do mundo, com um mercado de transporte de passageiros que perderá apenas para China e Estados Unidos. A projeção é de que haverá uma demanda de pelo menos duzentos milhões de viajantes em todo o território nacional.
Para capacitar a mão de obra necessária, aplicando novos conceitos de formação e atualizar o currículo do setor aéreo do Brasil, será criada a Universidade do Ar. O centro estudantil contará também com um Aeroporto-Escola, que deverá oferecer estágio prático supervisionando aos estudantes. Além de Sorocaba, estão na disputa para receber o investimento cidades como Belo Horizonte (MG), São José dos Campos e São Roque (SP).
À frente desse projeto estão a empresa brasileira de consultoria aérea, C-FLY Aviation, além da Embry-Riddle Aeronautical University (ERAU), universidade norte-americana de aviação. Considerada um dos principais centros de formação aeroespacial do mundo, a ERAU conta com aproximadamente 26 mil alunos em 150 campi localizados em todo o mundo.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, além da Embry-Riddle, existem outras duas escolas estudando Sorocaba para implantação de campus. Uma delas será voltada à formação de mão de obra para manutenção e outra englobando um conceito um pouco mais avançado. “Isso é importante porque Sorocaba se consolida não apenas na parte de fazer, mas também de formar. Sorocaba, como já tem as oficinas, é uma porta aberta para a chegada dessas universidades”, afirma.
De acordo com informações da Investe São Paulo, o potencial do Brasil projeta uma demanda de aproximadamente duzentos milhões de passageiros até o final desta década. Para dar conta desse imenso mercado, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) aponta que, no futuro, haverá necessidade de 660 mil novos trabalhadores para o setor, e para preparar toda essa gente está sendo criada no Brasil a Universidade do Ar.
John Watret, presidente da ERAU, falou que a universidade retorna ao País para contribuir novamente com a aviação brasileira por meio de expertise globalmente reconhecida. “Os estudantes brasileiros terão acesso ao conhecimento em atividades como regulamentações, segurança, operações e administração, que são indispensáveis na aviação para apoiar a conectividade e mobilidade no Brasil”, disse. A necessidade de formação da mão de obra é ainda mais urgente se somada à expectativa de aposentadoria da grande parte do atual quadro, e de maiores requisitos para admissão – tendência mundial que deve se repetir no País.
Geraldo Almeida garante que todos os esforços possíveis estão sendo feitos para mostrar as vantagens da instalação do campus da Embry-Riddle em Sorocaba. “Nosso aeroporto não fecha por falta de teto, a torre de controle está sendo implantada, estamos lutando pela internacionalização. Dentro desta administração estamos trabalhando intensamente pela valorização do nosso aeroporto. Sorocaba é a capital da energia eólica, capital da manutenção de aeronaves executivas, capital do RFID (Identificação por Radio Frequência) – tecnologia usada para identificar, rastrear e gerenciar qualquer tipo de produto – e agora podemos nos tornar um grande polo universitário na área da aviação”, conclui o secretário.
Pracinhas
Tradicional escola no setor de aviação, a Embry-Riddle, já tem uma familiaridade com o Brasil. Durante a II Guerra Mundial criaram uma escola – que funcionou no Aeroporto de Congonhas – para treinar o pessoal da Força Aérea Brasileira (FAB), que lutou na Segunda Guerra. A Embry Riddle School enviou para São Paulo instrutores, laboratórios, instrumentos e equipamentos então inéditos no Brasil. “Estiveram no Brasil nos anos 1940. Essa universidade tem mais de 150 campi espalhados pelo mundo e seria muito bom ter um aqui em Sorocaba”, afirmou o secretário Geraldo Almeida.