Em 59% dos casos, material irregular estava em pontos da zona norte de Sorocaba. Situação agravante é o risco de dengue 

As equipes da Secretaria de Serviços Públicos (Serp) retiram em média 1.716 toneladas de entulhos de aéreas verdes de Sorocaba a cada mês. A quantidade equivale a 143 caminhões cheios. Mais da metade dessa quantidade total, 59%, concentra-se em bairros da zona norte da cidade. O serviço é realizado, sobretudo, a partir de denúncias e solicitações de populares recebidas pela Prefeitura via fone 156 e, neste momento, ganha destaque diante da necessidade de prevenção à dengue, para se evitar a formação de criadouros de larvas do mosquito Aedes aegypti, o agente transmissor.

De janeiro de 2014 a janeiro de 2015, foram removidas 24.552 toneladas de entulho em áreas verdes e institucionais do município, o que corresponde a 1.860 caminhões carregados. Nesse período, na Zona Norte foram retiradas 14,4 mil toneladas (59%), contra 4,6 mil (19%) na zona Oeste, 3,1 mil (13%) na Leste, 1,7 mil (7%) na Sul, 273 toneladas (1,1%) na região central e 217 toneladas (0,9%) em pontos não especificados (quando o endereço citado não consta de Código de Endereçamento Postal – CEP).

Sofás e pontos

A maior parte desses detritos é composta de restos de materiais de construção, móveis, latas e madeiras. “Só de sofá velho são recolhidos 10 por dia, isso só por uma equipe”, revela Renato Menck, oficial de gabinete da Serp. No primeiro semestre de 2014, a secretaria dispunha de um caminhão para fazer o transporte desses entulhos e ganhou outro no semestre seguinte. A partir deste mês, a Serp conta com um terceiro veículo.

Segundo Menck, além das áreas verdes, as praças são locais comuns no descarte de entulho. “Principalmente no Conjunto Habitacional “Ana Paula Eleutrério” (Habiteto). No Jardim Zulmira tinha uma praça, dias desses, com entulho e ainda lixo doméstico. O pessoal sabe que as equipes passam por esses locais para fazer a roçagem, e aproveita para jogar esses materiais para se livrar mais facilmente do entulho”, comenta Menk.

Como exemplo de descaso, o funcionário da Serp destaca a situação de imóveis na avenida Fúlvio Cláudio Biazzi, como os mais críticos em termos de entulhos. “Fechamos com terra o acesso de uma grande área, mesmo assim jogam próximo à rua. Em outros pontos, fechamos com pontaletes mas também não resolve”, diz.

As 10 vias da cidade com áreas públicas com maior frequência de remoção de entulhos pela Serp são: avenida Fúlvio Cláudio Biazzi (Jardim Santa Rosa – zona oeste – 68 viagens de caminhão), rua Wenceslau Corrêa Lacerda (Jd. Santa Esmeralda – Norte – 53), avenida Santa Cruz (Jd. Vera Cruz – Oeste – 46), rua Flor do Carvalho (Éden – Norte – 45), rua Hélio Del Cistia (Jardim Santa Esmeralda – Norte – 39), rua Horsini Diniz Camargo – Conj. Hab. Sorocaba 1 – Norte – 34), rua Luiz de Assumpção Godoy (Jd. Sorocaba Park – Norte – 32),  rua Alpheu Castro Santos (Vila Helena – Oeste – 26), rua José Antonio Leme – Parque São Bento – 26) e avenida Elias Maluf – Ipatinga – Oeste – 24).

Ecopontos e multa

A deposição de entulho por empresas cadastradas na Prefeitura deve ser feita no aterro de inertes, na Zona Industrial. Desde agosto de 2014, com base no Decreto 21.508/2014, o custo é de R$ 6,16 por m³ de entulho levado até esse local. Atualmente, mais de 100 empresas atuam nessa atividade em Sorocaba.

“Ocorre que muitos preferem descarregar em qualquer lugar a pagar pelo uso do aterro, inclusive nos Ecopontos”, frisa Hailton Raymundo, oficial administrativo da Serp. Tanto é que no mês seguinte à vigência dessa medida, em setembro, o número de caminhões de entulho retirados pela Serp de área públicas chegou a 238, o maior do ano passado, contra 128 em agosto.

Os Ecopontos, que são 10 unidades espalhadas pela cidade, consistem em locais indicados para que o munícipe faça o descarte do entulho doméstico. No levantamento da Serp, não estão incluídos os materiais que são retirados dos Ecopontos, que totalizaram mais 147,6 mil toneladas em 2014.

A Área de Fiscalização da Secretaria da Fazenda (Sef) alerta que jogar entulho em terreno público é passível de multa no valor de R$ 300, conforme a Lei 8.614/2008, mais apreensão do veículo e os custos de remoção da sujeira. ”Há casos de entulho sendo descarregado por caminhões em terrenos públicos. O difícil é flagrar isso”, complementa Menck, lembrando que a população pode ajudar identificando os veículos por meio de fotos.

Também oficial administrativo da Serp, José Roberto Thomé pede a colaboração dos populares e das empresas para não jogar entulho em locais proibidos. “Estamos fazendo um grande esforço para evitar os focos de criadouros da dengue”, citou, pois no meio do entulho sempre há materiais que podem acumular água. “Não estamos dando conta de tanto entulho”, finaliza Menck, reiterando a questão do cuidado envolvendo a saúde pública.

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