Endereço: http://agencia-local.sorocaba.sp.gov.br/estudo-identifica-areas-de-cerrado-em-sorocaba-para-a-conservacao-do-bioma/
Acessado em: 01/12/2025 - 04h30

Estudo identifica áreas de Cerrado em Sorocaba para a conservação do bioma


 

Trabalho viabilizará a elaboração de políticas públicas voltadas à proteção deste importante bioma

Com o objetivo de ter subsídios para a elaboração de políticas públicas voltadas à proteção do Cerrado – o segundo maior bioma brasileiro -, a Prefeitura de Sorocaba deu início neste mês de abril a um estudo para identificar áreas com remanescentes deste ambiente na cidade.

De acordo com Vidal Dias da Mota Junior, diretor de Gestão Ambiental e Zoobotânica da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), pasta responsável pela coordenação deste trabalho, somente com os subsídios deste estudo é que será possível desenvolver ações para a conservação dos remanescentes que ainda existem na cidade.

Sara Amorim, técnica ambiental da Sema, explica que o objetivo do governo municipal é criar uma Unidade de Conservação (UC), a exemplo do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade “Marco Flavio da Costa Chaves”, na Zona Norte de Sorocaba, que abrange a floresta estacional semidecidual, do bioma Mata Atlântica. “Esta área de importância ambiental para a conservação do Cerrado poderá ser uma Estação Ecológica, uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural)  ou um Parque mesmo. O estudo indicará tudo isto”, explica Sara.

Uma Unidade de Conservação tem normas especiais para sua proteção, determinadas por uma legislação e definidas pela Lei Federal nº 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

Sorocaba tem um Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, que também aborda áreas de Cerrado, considerando que o município está numa região de transição entre estes dois biomas.

Uma das áreas que o governo municipal tem conhecimento e considera como uma das mais significativas está localizada aos fundos da Zona Industrial da cidade, com aproximadamente quarenta hectares. Outras também identificadas em estudos de universidades, inclusive no Plano Diretor Ambiental (PDA), estão nos bairros de Brigadeiro Tobias, Inhayba, Mato Dentro, Caguaçu e Campininha.

“Estas áreas são prioritárias para a conservação do solo, da biodiversidade e da água. Tornando o remanescente uma Unidade de Conservação, ele não poderá ser mais alterado e será potencializado”, explica Vidal. 

 

Sobre o estudo

O estudo está sendo realizado pela empresa Biométrica, por meio de recursos de compensação ambiental pela implantação da Toyota em Sorocaba. O investimento é de R$ 131.996,71. A previsão é que o trabalho esteja finalizado em cinco meses. 

Este trabalho deverá abranger um mapeamento georreferenciado das áreas de Cerrado e um ranqueamento por tamanho, de 2 hectares até a maior área com potencial, para a criação de uma Unidade de Conservação em Sorocaba para a proteção do bioma.

O estudo também apontará, com justificativa, três áreas com maior potencial para a criação desta nova UC; elaboração de estudos florísticos e fitossociológicos para caracterização da vegetação nestas três áreas; sugestão de prioridades e categorias para esta nova unidade, de acordo com as três áreas estudadas; e avaliação feita por especialista do valor de mercado da área para eventual desapropriação desses locais.

De acordo com informações da Sema, o estudo deverá conter características biológicas, do meio físico, potencial para visitação pública e socioeconômicas. Na caracterização biológica, por exemplo, deve haver uma lista das espécies da fauna e da flora e se a área possui alguma fragilidade ambiental ou relevância para a proteção de alguma espécie ou comunidade da fauna e flora, tais como desova de espécies silvestres, refúgio ou habitat de espécies silvestres raras endêmicas ou mesmo ameaçadas de extinção. “Essas informações servem para justificar e reforçar a criação da unidade”, explica Sara Amorim.

 Nas questões que envolvem o meio físico, o estudo trará informações básicas importantes para caracterizar a área, como o tipo de clima, solo, geomorfologia e recursos hídricos. Já no potencial para visitação pública, o trabalho vai verificar se a área possui visitação ou se tem atributos naturais, como cachoeiras, cavernas, rios, lagoas, formações rochosas, sítios arqueológicos, entre outros, para receber os visitantes. 

Outra característica destas áreas será a socioeconômica, que vai identificar possíveis impactos sobre as atividades produtivas do município que serão afetadas pela proposta de criação da UC. 

 

Sobre o Cerrado

 

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 20% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. 

Considerado como um hotspot mundial (região rica em biodiversidade e extremamente ameaçada), o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas, mas é severamente ameaçado. Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação. Desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).