Foto: Emerson Ferraz

Atividade é uma das vivências oferecidas pelo Projeto “Viva Meninas – Empoderamento e Cidadania”

Com o objetivo de aliar o aprendizado de noções básicas sobre a composição da imagem fotográfica ao empoderamento de adolescentes sorocabanas, cinco garotas do Grupo Teens e do serviço de acolhimento da Associação Refúgio participam nesta semana de aulas de fotografia, com as voluntárias Donna Kether e Mariana Maia, na entidade. A atividade é gratuita e faz parte do Projeto “Viva Meninas – Empoderamento e Cidadania“, que está levando desde o dia 6 de junho vivências socioculturais educativas a esse grupo.

“Inicialmente passamos a elas como funciona a fotografia. A ideia é mostrar que tendo o domínio desses conceitos, independente da câmera que você tem, dá para conseguir um resultado artístico interessante”, explica Donna. “Além disso, a ideia é fazer que elas reflitam sobre a imagem feminina na fotografia, tirar a mulher do lugar de modelo e de objeto de uma fotografia e nos colocar como produtoras de imagens”, afirma.

Na primeira aula, elas aprenderam os conceitos básicos, como a questão da exposição, abertura, velocidade do diafragma, composição de luz e o que é a luz. Em seguida, fizeram aula prática, na qual fotografaram de forma livre no espaço da entidade, principalmente, uma a outra.

No segundo dia, cada participante foi estimulada a identificar as fotos que considerou mais interessantes, retratadas no dia anterior. Enquanto as fotografias eram escolhidas, as oficineiras apontavam os detalhes, erros e acertos de cada uma, seja de iluminação ou no foco, por exemplo.

E não era só isso. Entre a explicação de uma técnica e outra, ou ainda um efeito especial, o empoderamento feminino era assunto da conversa. “Nesta foto eu fiquei feia, não gostei”, dizia uma delas. Rapidamente, foi questionada por Donna Kether a respeito da própria beleza. Em outra ocasião, outra garota afirmou que não gostou de uma foto porque falariam de sua sexualidade, e mais uma vez foi estimulada a refletir sobre o assunto.

Em seguida, as meninas ainda puderam aprender como utilizar um programa de computador para tratamento de imagens, seja na iluminação, contraste, cores e temperaturas das fotos. “A chave da boa fotografia é a boa iluminação. Não precisa de mais nada”, destacou a voluntária Donna. Para encerrar a aula, as participantes fizeram mais uma atividade prática nos espaços da entidade, desta vez com o objetivo de controlar a iluminação.

Já no último dia de oficina, nesta quarta-feira (dia 15), será trabalhada a foto instantânea, utilizando uma câmera do tipo polaroide. As garotas serão incentivadas a montar uma cena, pensando num conceito que elas querem passar atrás das fotos, que remeta às suas experiências, questões, problemas e impressões do mundo, para compor uma série fotográfica.

As experiências

Uma das garotas participantes do “Viva Meninas” e que está adorando a experiência é Beatriz Nunes dos Santos, 18 anos, moradora do bairro Brigadeiro Tobias. “Estou amando, gostei muito de aula de skate e estêncil, e aprendi muito sobre a questão do machismo e a ideia de que o homem não pode passar por cima da gente e que podemos ser independentes. Mulher pode ser o que quiser, o problema é o machismo do homem que a gente precisa acabar. O pai do meu filho era muito ciumento, por isso larguei dele. Acredito que qualquer pessoa pode ser o que quiser, basta acreditar e correr atrás”, declarou.

Ela é mãe de Gabriel, de 1 ano e dois meses, e participa do Grupo Teens desde que estava grávida de seis meses. A jovem mamãe foi encaminhada ao projeto ao fazer pré-natal na Policlínica Municipal. “Eu adoro o Teens. Aqui aprendi muita coisa importante, me ajudaram muitos com os medos que tinha do parto e da amamentação”, contou. O seu sonho é ser nutricionista e para realizá-lo ela quer voltar a estudar, para terminar o ensino médio e então ingressar no ensino superior.

Para a oficineira Donna, a experiência no “Viva Meninas” está sendo muito boa. “Estou achando maravilhoso, temos vários desafios, mas é muito gratificante a troca com elas. São situações e realidades de vida bem diferentes, de um lugar para o outro em que passamos”, afirma Donna. “É um desafio despertar em cada uma delas o poder de criar a própria realidade, deste protagonismo”, finaliza.

Sobre o Viva Meninas

Realizado pela Prefeitura de Sorocaba, por meio das Coordenadorias da Juventude e da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), o projeto visa empoderar garotas em situação de alta vulnerabilidade na cidade, promovendo autoestima, fortalecimento e autonomia. A ideia é estimular o desenvolvimento de potencialidades de cada uma e a abertura de caminhos possíveis para a promoção da cidadania e o reconhecimento de seus direitos.

Cada menina participa de dez encontros, com oito vivências socioculturais educativas. São elas: Guitarra para Meninas, Fanzines, Skate para Meninas, Imagem e Identidade, Técnica de Estêncil, Fotografia Criativa I, Fotografia II – Instantânea e Vídeo Experimental.

Em nove meses, o “Viva Meninas” atendeu adolescentes de doze bairros de Sorocaba, em sete unidades da Pastoral do Menor (Parque São Bento, Júlio de Mesquita Filho, Manchester, Vila Astúrias, Parque das Laranjeiras, Nova Esperança e Aparecidinha); oito unidades do Território Jovem (Jardim Ipiranga, Nova Esperança, Maria Eugênia, João Romão, Cajuru, Aparecidinha, Habiteto, Iporanga 2); e no Grupo Teens.

O Grupo Teens é o último espaço que o “Viva Meninas” está sendo realizado. Para encerrar o projeto, será realizado um evento na próxima terça-feira (dia 21), das 10h às 21h, na Biblioteca Infantil Municipal “Renato Sêneca de Sá Fleury”. Além de uma exposição com o material desenvolvido em todas as vivências do projeto e apresentações musicais femininas, ainda será apresentada a Carta das Meninas, composta por um conjunto de reflexões, demandas e reivindicações das meninas de cada ponto de circulação do projeto.

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