Foto: Zaqueu Proença

Um arco e uma flecha, adicionados a uma mira espetacular e a uma grande vontade de vencer definem a atleta Thais Carvalho, 24 anos, que disputará os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro na modalidade Tiro com Arco, a partir de 7 de setembro.

A brasiliense, que não tem uma perna por amputação, está em Sorocaba para troca de prótese em empresa especializada no serviço, o que vai garantir maior conforto e precisão dos movimentos na competição. Durante sua estadia na cidade, ela treina no Centro Esportivo “André Matiello”, em Pinheiros, como na manhã desta sexta-feira (22), para manter a forma para o duro desafio que tem pela frente.

No espaço disponibilizado pela Secretaria de Esporte e Lazer (Semes), a atleta chega logo cedo, montando o instrumento e o alvo, colocado em posição de segurança no meio do campo de futebol. Da janela do Clube do Idoso, localizado ao lado do campo, frequentadores da sala de áudio e visual acompanhavam a rotina de Thaís. Em homenagem, cantavam a música “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, o que arrancou sorrisos da atleta. Esbanjando simpatia, retribuiu o carinho com cumprimentos.

Thaís começou no esporte em 2012, no Centro de Treinamento para Pessoas Com Necessidades Especiais, onde antes praticava badminton. “Ingressei em competições, de fato, em 2014, mesmo ano que tomei a decisão de amputar a perna”, conta. A atleta sofreu quebra da tíbia aos três anos de idade e, após problema de calcificação do osso, conviveu com cirurgias frequentes e outros processos até optar pela remoção do membro.

Apesar da carreira curta, Thaís coleciona títulos internacionais no tiro com arco. Entre as conquistas na modalidade estão o ouro no Parapanamericano de Tiro com Arco (2016); ouro no Campeonato Brasileiro (2015) e a prata no Parapanamericano de Toronto (2015), que rendeu a vaga olímpica para o Brasil.

Disparando as flechas de pontas coloridas, a atleta não esconde a ansiedade em participar dos Jogos Paralímpicos no Brasil. “Para nós, atletas, é uma oportunidade tremenda de ter a torcida a seu favor, é um sentimento diferente. Quando a gente atira fora, é algo que sentimos falta. Nós brasileiros costumamos ter uma torcida grande fora de casa, mas nada como as pessoas da sua nação gritando e mandando energia positiva”, relata.

No evento esportivo do Rio de Janeiro, Thaís vai concorrer com mais 63 atletas de todo o mundo. Após a etapa classificatória, os combates diretos serão definidos, até chegar a tão sonhada medalha de ouro.

Ainda sem previsão de partida, Thaís fica em Sorocaba até a conclusão da sua prótese nova. Enquanto isso, segue treinando no próprio esportivo municipal para garantir a precisão dos tiros. “Tudo é em prol do esporte, então só tenho a agradecer”, finaliza.

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